quinta-feira, 24 de julho de 2008

Texto Interessante


Estou em crise.
Eu percebi (cheguei à conclusão) de que não tenho amigos.
Primeiro que as pessoas não me pertencem, nem ao menos fazem parte de mim.
Mas aquilo a que todos chamam de amizade, eu experimentei muito, muito pouco.
As pessoas não são meus amigos, elas estão meus amigos.
Essas pessoas passam por minha vida, chegam com data de validade pra irem embora, e o mais difícil é voltarem. Ninguém nunca voltou.
Eu bebo de um veneno que é meu.
E eu vou morrer do meu próprio veneno.
A todos estes eu estou dando satisfações, respostas e conclusões em um curto período de tempo que essas pessoas passam por mim vida.
Destino infeliz o meu?
De vagar como um andarilho, tal qual um romeiro buscando em meu caminho confiança, que até acho, más que passa...
Eu tenho vergonha, eu tenho medo de gente. (será?)
O comportamento do ser humano sempre me assustou, mas a ponto de eu ter vergonha de gente?
Que dilema.
Muito me interessa o amor, as sensações de entrega a outro que se interessa apenas por você, pelo que você é, mas cadê?
As pessoas simplesmente passam, passam, passam...
Eu digo que te amo, agora, e daqui a alguns meses você será apenas uma lembrança, um marco daquele ano, daquele lugar, daquele momento.
Eu não tenho amigos.
Eu tenho perfis que me rodeiam e que me mudam quando deixam suas marcas em mim, o que é sempre fácil é classificar e rotular as pessoas.
Eu sou um nômade no deserto de uma solidão interna que não é depressiva,
Não é autodestrutiva, más é sim uma forma de auto-avaliação a que me dou direito,
A uma privacidade que eu preciso.
Eu não tenho amigos.
Mesmo aqueles que comigo sempre estiveram, no momento em que chegou a hora, eles partiram e eu [realmente, assim como muitos já me diziam] nunca mais os vi.
Eu não tenho amigos.
A agenda do meu celular não tem contatos. Eu não sei pra quem ligar, eu não sei a quem me dirigir, eu tenho medo de falar com alguém que eu conheço ou que eu não conheço.
Eu não agrado a ninguém. Quando agrado, agrado o suficiente para o momento do orgasmo coletivo e passo, passo da vida dos outros como os outros passam da minha vida.
Pergunta a alguém que me conhece, por onde ando? Quais são as minhas novidades.
Eu não pertenço a nenhum grupo, a nenhuma roda.
Eu não tenho as mesmas expectativas, não tenho os mesmos gostos e mesmo quando tenho, pareço não ter.
Eu sou legal, legal demais, eu sou massa, eu sou o cara, sou mais um cara*
Alguém que pensa demais e quem muito pensa, pensa o que não convém*
E pensando, pensando, eu chego a grandes conclusões.
Conclui que eu não tenho amigos.
Pensar faz mal.
Ame-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso*
Eu preciso merecer a amizade de alguém, uma amizade sem interesses e sem interlocutor.
Quero ter o poder de me encontrar com as pessoas, pela simples realização de me encontrar com elas, sem escolas, sem instituições, sem falsos motivos.
Eu não tenho amigos, eu tenho repetido e cíclicos momentos de amizade.
Momentos, meu caro, momentos passam e amizades vão com esses momentos, momentos bons, sempre. Alguns indiferentes. Poucos ruins, Mas momentos.
Amigos passam e eu não tenho amigos.
Eu não sei pra quem ligar.
Eu não sei quem chamar de amigo.
Eu não sei preservar uma tendenciosa longa amizade.
Eu preciso de amigos.
Eu preciso me encontrar no meu do caos. Sair do ciclo vicioso dos que são efêmeros.
Quero ser como qualquer um que não tem vergonha ou medo ou pressão de conversar com um amigo.
Você pode achar que eu tenho colegas, tenho sim, e esses é que passam.
Cara, Se você se acha meu amigo, me diz: quantas coisas que amigos fazem que nós fizemos?
NADA. Ou melhor, até fizemos.
E agora?
NADA.
Fizemos, passou. Já era.
Eu estou mesmo em crise. Eu estou em busca de amigos, eu vou pro mundo, atrás de mais amigos que vão passar e eu vou voltar, deixando marcas e poeira da minha passagem por lá.
Meu carma é ser o que chega e o que vai.
Aceite seu carma.
Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado. Quero inventar o meu próprio pecado, quero morrer do meu próprio veneno, quero perder de vez tua cabeça, minha cabeça. Perder o juízo. Quero cheirar fumaça de óleo diesel, me embriagar
Até que alguém me esqueça.
(Texto de Nelson Viana Júnior)

Que Interessante!



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