quarta-feira, 29 de julho de 2009

[. pisando na barra da saia amarela, ela vem, que vem]


'Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.'

(Artur da Távola, pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsonh Monteiro de Barros)

terça-feira, 28 de julho de 2009

[.uma questão de... tempo.]

'Sim... as pessoas que amamos são insubstituíveis ao nosso coração. Aquele lugarzinho que elas ocupam fica marcado com a presença delas, com o cheiro, com a forma e até o som do riso.
E quando elas partem forma-se o vácuo. Mas se a presença física se foi, ficam ainda as lembranças de tudo aquilo que foi construído juntos: os momentos vividos, as horas compartilhadas, muitas vezes as partidas e reencontros...
A saudade é tão indizível quanto a dor que ela provoca.
Mas ainda existe uma esperança: quem faz o bem aqui, nunca vai completamente: essa pessoa vive através dos ensinamentos que deixou, vive através das marcas que foi colocando em cada passo, cada acontecimento... E o que reconforta é a esperança de que esse ponto final colocado é apenas passageiro, pois o Senhor nos prometeu que um dia, no céu, nós nos reconheceríamos.
Então... é apenas uma questão de tempo. Um dia a gente se reencontra fatalmente com aqueles que amamos e nos amaram acima de tudo nessa vida terrena. E enquanto estamos aqui, vamos deixando nossas marcas também, por que há os que precisam de nós e os que um dia irão querer viver com a esperança de nos reencontrar.
Assim, um dia, numa promessa feita por Deus, haverá no céu uma grande festa.
Tudo é uma questão de tempo...'

[ Letícia Thompson ]

sexta-feira, 24 de julho de 2009

[.e eu digo cá entre nós.]


"Deixa eu decidir se é cedo ou tarde, espere eu considerar, ver se eu vou assim chique-à-vontade,
Igual o tom do lugar.
Enquanto eu penso você sugeriu um bom motivo pra tudo atrasar.
E ainda é cedo pra lá, chegando às seis tá bom demais!
Deixa o verão pra mais tarde...
Uh ah ãã aeãeã
Não tô muito afim de novidade.
Fila em banco de bar.
Considere toda hostilidade que há da porta pra lá!
Enquanto eu fujo você inventou qualquer desculpa pra gente ficar
E assim a gente não sai que esse sofá tá bom demais!
Deixa o verão pra mais tarde...
Uh ah ãã aeãeã
E eu digo cá entre nós deixa o verão pra mais tarde..."
... e ando assim, musicalmente.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

[.o que faz girar o mundo.]


Amor – ontem, hoje e sempre – é a energia que faz girar o mundo.
Não falamos do amor-paixão, ou instintivo ou animalesco.
Falamos do AMOR, da sua pureza e força energética poderosa.
Amor que evita guerras, incompreensões, vaidades, arrogâncias, caprichos e atritos de qualquer espécie.
Amor que promove o bem-estar dissolvendo ódios e qualquer quezília.
Amor que harmoniza e cria os momentos elevados de paz.
Amor que faz sentir uma tal sublimação de nível de vida que, ao ser sentido, ninguém quer deixar de sentir.
Amor que transforma para sempre esse que o sente.
Amor que transforma a saúde e a vitalidade. Amor que muda tudo em redor.
Amor que muda o mundo.
Se eu mudo por amor, o mundo muda também e eu mesma o vejo amorosamente diferente.
- Se assim fosse… - Se assim fosse viveríamos num mundo paradisíaco, e não na Terra de hoje. Cabe a cada parte fazer a sua parte e o todo muda na inter-relação com as partes.
- A esperança nunca morre?
- Não pode, não lhe dou autorização para isso!"
(eva)

terça-feira, 14 de julho de 2009

[.A-mor.]


.o amor não tem nada a ver com qualidade... o amor é... e isso basta!
o amor não escolhe. o amor não prefere. o amor não elege. o amor vivencia.
o amor sente. o amor capta. o amor atrai. o amor conquista. o amor provoca. o amor suscita. o amor exprime. o amor revela. o amor denota. o amor manifesta. o amor se dá.
o amor marca. o amor impressiona. o amor assinala com ferro em brasa. o amor deixa traços de sua presença. o amor deixa-se descobrir. o amor se faz conhecer. o amor edifica. o amor dá origem. o amor completa. o amor consegue.
se quiser saber mais do que o amor é capaz...
AME!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

[.silêncio.]

Por força da sua própria natureza, o silêncio dá margem a infinitas interpretações. Por mais que se queira, tudo o que não é dito não fica claro e sempre pode ser traduzido em diversos significados.
Se você está vivendo uma situação de falta de diálogo e conseguir pelo menos, identificar a possível causa do comportamento do parceiro(a) e/ou do seu próprio mutismo, certamente isto ajudará muito a dissolver o gelo e chegar a um entendimento. Veja aqui algumas das razões que mais freqüentemente se encontram por trás do silêncio passageiro ou constante.
*O silêncio culpado: atitude comum de defesa quando um dos parceiros se sente culpado em relação ao outro e foge, trancando-se. Evitar falar é uma forma de "não dar bandeira" sem querer e/ou de tentar uma posição de controle da situação mantendo o outro ignorante ou inseguro.
*O silêncio-inseguro: muito comum. É a defesa das pessoas que temem ser julgadas pelo que são. Disfarçam seus possíveis defeitos e erros calando a boca, como se isto os tornassem invisíveis, imperceptíveis para o outro.
*O silêncio-punitivo: acontece quando um dos parceiros resolve castigar o outro ficando mudo, como se o(a)companheiro(a) não existisse. Pode ser realmente enlouquecedor quando o parceiro não tem a menor idéia da razão que levou o outro a se calar.
*O silêncio-tédio: chega quando acaba o assunto. Quando a própria convivência, ou a tomada de rumos de vida divergentes, mostram que não existe afinidade entre o casal.
*O silêncio-pra-cutucar: é o que pretende despertar o outro, como uma alfinetada. Ou chatear, como uma implicância.
*O silêncio-magoado: este todo mundo conhece. Acompanha quase sempre as mágoas que sofremos e corre o risco, se a causa não for conversada, de se transformar em feridas profundas, em rancores irreversíveis.
*O silêncio-expectativa: é o que é mantido esperando que o outro perceba o quanto estamos precisando dele e bata à nossa porta. É um pedido mudo de atenção e de ajuda.
*O silêncio desesperado: usado geralmente como recurso extremo quando alguém não acha mais palavras para se fazer presente, para se fazer entender.
*O silêncio-defensivo: é o abrigo dos tímidos, dos fragilizados, dos que precisam enfrentar violências morais ou físicas.
*O silêncio-desprezo: amargo, é utilizado para demonstrar à outra pessoa alguma coisa de ruim que se pensa ou se sente a respeito dela. Por alguma razão, não se consegue verbalizar o motivo deste desprezo. Ou, quando se consegue, o silêncio é utilizado para reforçar o que se disse.
*O silêncio-indiferente: é talvez o pior de todos. É aquele que acontece quando o parceiro(a) não desperta mais nada no outro.
*O silêncio-ofendido: há casos de pessoas que passam longos períodos, mesmo anos sem dirigir a palavra a alguém que os ofendeu, mesmo vivendo sob o mesmo teto.
*O silêncio-fim-de-caso: é utilizado como forma de mostrar que o amor chegou ao fim. Às vezes acontece espontaneamente, com o esvaziamento da relação. Às vezes, é a única maneira de se dizer através da ausência de palavras, aquilo que não se tem coragem de falar.
*O silêncio-birra: é uma atitude infantil, uma ¿malcriação¿ de quem não tem maturidade suficiente para enfrentar as dificuldades, muito menos para verbalizar. Geralmente é passageiro e não causa grandes danos.
*O silêncio-sádico: um esporte praticado por pessoas que sentem prazer com o sofrimento do outro. Para estes, nada mais divertido do que ver o outro se contorcer na tortura de tentar adivinhar o que se encontra por trás de um silêncio que, quase sempre, não esconde nada. É um simples jogo.
*O silencio-controlador: praticado por quem acredita que pode manter o outro preso pela necessidade de entender o que este silêncio esconde. Ou por quem não sabe claramente como conduzir um momento complicado. É o silêncio que nada resolve, que adia soluções.

(www.vaidarcerto.com.br)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

[.a janela dos outros.]

Gosto dos livros de ficção do psiquiatra Irvin Yalom (Quando Nietzsche Chorou, A Cura de Schopenhauer) e por isso acabei comprando também seu Os Desafios da Terapia, em que ele discute alguns relacionamentos padrões entre terapeuta e paciente, dando exemplos reais. Eu devo ter sido psicanalista em outra encarnação, tanto o assunto me fascina.
Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem. Durante o trajeto, o pai, que estava na direção, comentou sobre a sujeira e degradação de um córrego que acompanhava a estrada. A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um cenário de Walt Disney. E teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida. Seguiram a viagem sem trocar mais palavra.
Muitos anos depois, esta mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada, desta vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se: do lado esquerdo, o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista. E uma tristeza profunda se abateu sobre ela por não ter levado em consideração o então comentário de seu pai, que a esta altura já havia falecido.Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que vale, não importa que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.
A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros acredita que o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias. Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade. Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua própria paisagem.
Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos enclausurada nos meus próprios pontos de vista, mas, em contrapartida, me tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de 360 graus para nos declararmos sábios. E a sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos e todos estão errados em algum aspecto da análise. É o triunfo da dúvida.
(Martha Medeiros)