terça-feira, 7 de outubro de 2008

[Realejo & Fragmentos]


"Conheço alguém que toma conta de suas tristezas.
Trata-as com carinho.
Ouve, compreende, repreende, bota no colo, embala...
Deixa-as crescer dentro de si.
Rega, protege do sol, do frio, do vento.
Isso porque crê que todo sentimento vale a pena ser cuidado.
Só que para ela, há um espaço muito curto ente a chegada da tristeza e sua partida.
Tem umas que ficam. Outras que se vão.Tudo faz parte de um processo irresponsável, divertido e... funcional.Porque é ela quem escolhe as que ficam e as que vão.
As que ficam são as que “valem a pena”, segundo suas próprias palavras.
São as que constroem, fazem crescer, amadurecem.
Essas passam por uma metamorfose e viram um eufemismo: aprendizados.
As outras – as que se vão – somente terão atenção às dezenove. Dezenove horas. E não a sua atenção.É a hora proclamada para descansar das outras tristezas.
Hora eleita para dormir e deixar que o Mundo tome conta.
Das tristezas ruins. Que somente correm, maltratam e puxam a barra da saia.
Essas ela deixa por aí, à toa, perdidas. Sem dó nem piedade.
E o Mundo que tome conta. E quem quiser que pegue pra arrimo. Ou que peguem para o que quer que seja.
É engraçado por isso.
Eu tenho me desviado de algumas. Porque durmo depois das dezenove. Quase sempre.
Vai ver outras têm o mesmo hábito dela e deixam suas “tristezas ruins” por aí, vagando.
Sei que são muitas. E sou capaz de bater-papo com algumas que não são minhas antes de dormir. E comprovo que, por serem fúteis, merecem o destino que seus ex-donos lhes deram.
Mas tenho evitado. Isso me preocupa. Não posso me consumir com isso.
E ela - a pessoa - dorme, sonhando seus eufemismos.
E amanhã, inocentemente, faz tudo de novo: transforma suas tristezas em seres efêmeros, cujo ciclo de vida corresponde às horas que passam entre seu acordar e adormecer.
Caso a encontrem depois das dezenove zanzando por aí, tenha absoluta certeza: não há tristezas ruins.
Somente as suportáveis.
Irresponsáveis.
E divertidas.
E porque não, funcionais?

[Esqueci se tinham tristezas a serem cultivadas. Você é uma alegria constante..::.. Na foto (que não costumo publicar), eu e Dani, ontem na praia de Aruana, 05.10.08..::.. É a menina que brinca responsavelmente com suas tristezas]
Foto By: Thiago Vieiros.

Meu Realejo - Thiago Vieiros - e um pouco dos meus Fragmentos - Dani.

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