quinta-feira, 21 de maio de 2009

[Deixe Ir]


"Despedir-se de algo que não faz mais sentido e abrir-se para os desafios e as oportunidades de um novo ciclo é parte natural da vida.
Então por que será que é tão difícil dizer adeus?
Existem momentos assim na vida, de corte, de conclusão.
A perda pode vir por uma circunstância externa, como no caso da morte de alguém querido, uma demissão, uma separação repentina, um acidente. Mas pode também ser decorrente de um processo em que a decisão final depende de nós. De qualquer forma, nos dois casos, temos de nos despedir. E esse processo dói.
Deixar ir embora faz parte da existência, tanto quanto começar um ciclo novo. Só que, em diferentes graus, todo ser humano tem dificuldade de colocar um ponto final. Por isso, teima em insistir numa situação conhecida, embora já insatisfatória, e não consegue assumir que aquela etapa esgotou-se e que deve finalizá-la.
É preciso mesmo coragem para dizer adeus.
"O verdadeiro adeus surge quando a pessoa já entendeu qual é seu destino e refletiu muito a respeito do que precisa se desembaraçar para seguir adiante em seu caminho”, afirma a filósofa Dulce Critelli, professora da PUC de São Paulo.
Para ela, a lucidez na finalização de um ciclo indica um importante sinal de maturidade: o indivíduo compreende que é responsável pela própria existência. E também pelos ganhos e perdas, acertos e erros de suas escolhas.
O processo da despedida sempre carrega duas grandes questões "cruciais", aliás, para a maioria das tradições filosóficas.
Quem sou eu?
E qual é o sentido da vida?
Segundo a filósofa, nem sempre o adeus é consciente, fruto de um período de maturação. Pode ser o desejo de escapar de um contexto desconfortável. Isso acontece, por exemplo, quando uma nova habilidade é requerida no trabalho e o indivíduo se sente acuado ou inseguro.
Também quando a intimidade começa a se estabelecer num relacionamento amoroso e uma das partes acha que não suporta a situação. Em ambos os casos, a pessoa decide, às pressas, pôr um ponto final na experiência a fim de fugir dela e evitar o confronto com seus fantasmas.
“Essa atitude não é de engajamento com uma decisão madura”, afirma Dulce.
“Na ruptura coerente, existe uma construção gradativa de bases para o novo caminho”. Portanto, antes de dizer adeus, vale refletir bastante, ponderar, pensar em como dar os próximos passos.
E também perguntar: por que quero fazer isso?
Para escapar de uma dificuldade ou porque desejo dar um rumo mais rico à minha vida?
O fim é sempre o começo de uma outra história.
Ter isso claro traz uma compreensão diferente e mais leve do que está por vir".

Um comentário:

A Insustentavel Leveza do ser disse...

Oi.desculpa, tirei sem querer..serio! Bom fds...Gosto de ler seu blog.